O Chá é bebido à séculos e a sua origem é uma lenda que remonta à China. Consta que a árvore do chá foi descoberta, o ano 2737 a.C., por acaso quando o imperador chinês Shen Nung, mais conhecido como o "Curandeiro Divino" dava um passeio pelas suas propriedades. O Imperador terá pedido a determinada altura que os seus servidores lhe fervessem um pouco de água, enquanto descansava à sombra de uma árvore.
Pois terá sido precisamente dessa árvore que uma folha ter-se-á solto e caído dentro da taça de água fervida. Não tendo reparado, o imperador bebeu desse primeiro chá, sendo dessa forma que nasceu a primeira chávena de chá.
Consta igualmente que terá sido este imperador que criou a medicina natural ou ervanária, testando ele próprio uma enorme variedade de bebidas medicinais à base do chá.
Terá sido Catarina de Bragança que em Inglaterra popularizou o consumo de chá na corte. Porém terá sido Anna, esposa do sétimo duque de Bedford, quem cimentou o hábito de tomar chá todos os dias, por volta das cinco horas da tarde, acompanhado de sanduíches e bolinhos.
A utilização do chá, ao que parece, começou por ter um caráter medicinal e o seu uso como bebida, preparada a partir da infusão das folhas de chá, data de há milénios. Segundo a lenda deve-se ao imperador chinês Shen Nung (2737 a.C.) a descoberta das propriedades estimulantes da folha do chá. O tratado de Leu Eu, primeiro tratado sobre chá com caráter técnico, escrito no séc. VIII durante a dinastia Tanga ajudou a imortalizar o papel da China como responsável pela introdução do chá no mundo. Nele foram estipulados pela primeira vez uma série de preceitos de caráter técnico.
No início do séc. IX a cultura do chá foi introduzida no Japão por um monge budista, Sancho, que trouxera da China algumas sementes. A cultura resultou com êxito e desenvolveu-se rapidamente. Produziu-se então nestes dois países uma evolução extraordinária, talvez única na história dos produtos de consumo humano e que tocou não só o domínio técnico e económico mas também, e principalmente, os domínios artístico, poético, filosófico e mesmo religioso, envolvendo o consumo do chá nestes dois países, mas principalmente no Japão, um cerimonial por vezes complexo mas sempre de grande significado.
A Europa só conheceu o chá num passado mais recente. As referências mais antigas que se encontram na literatura européia respeitantes ao chá devem-se a Marco Polo no relato da sua viagem assim como a seu compatriota Ramusio, em escritos que datam de 1559, e ao português Gaspar da Cruz que a ele se refere numa carta dirigida ao seu soberano.
A sua introdução neste continente só se veio a verificar no início do séc. XVII, em consequência do comércio que então se estabelecia entre a Europa e o Oriente. Teriam sido os holandeses a trazer pela primeira vez o chá à Europa, sendo responsáveis pela intensificação do seu comércio mais tarde desenvolvido pelos ingleses. O chá era importado por intermédio da famosa "Tea English East Indian Company", que detinha o monopólio do comércio de chá com a Ásia e que em 1715 se estabeleceu em Cantão passando a gozar de uma situação privilegiada. Esta manteve-se até 1833, altura em que se viu forçada a procurar novas fontes de abastecimento; virou-se então para as possessões da Inglaterra na Ásia (Índia e Ceilão) onde introduziu a cultura, primeiro na Índia e depois em Ceilão.
Na Inglaterra, o seu consumo intensificou-se rapidamente e a partir de metade do séc. XVIII o chá tornou-se a bebida de eleição de todas as classes sociais. É de sublinhar a popularidade que ainda hoje goza neste país, sendo bem conhecido o lugar que esta bebida ocupa na vida de todo o cidadão britânico. A sua popularidade estendeu-se aos países onde a influência inglesa se fez sentir, primeiro nos EUA depois a Austrália e o Canadá. Atualmente o chá é a bebida mais consumida em todo o mundo.
Em território português, presentemente, o chá só é cultivado em S. Miguel nos Açores onde a cultura, que se pratica desde finais do século XIX, é feita contudo em pequena escala. Apesar de no Continente ter sido tentada a sua cultura, nomeadamente no Minho e no Alentejo, hoje restam apenas algumas destas plantas, que existem com caráter ornamental.
Na composição de um rebento de chá, cerca de metade da matéria seca é insolúvel em água e dela fazem parte a fibra bruta, celulose, proteínas, gorduras, amido, etc.
Por sua parte a matéria seca solúvel em água contém polifenóis, aminoácidos, cafeína, açucares e ácidos gordos. A cafeína é um composto que pertence ao grupo dos alcalóides derivados das purinas. Na sua forma pura a cafeína é uma substância cristalina que apresenta um gosto amargo. Entre os efeitos da cafeína no organismo humano é de salientar a sua ação estimulante do sistema nervoso central. A folha de chá contém teores normalmente compreendidos entre 2,5 e 5,5%. Nos grãos de café anda à volta de 1,5%. O teor em cafeína varia nas diferentes partes do rebento da planta. É maior no gomo terminal e 1ª folha, decresce sucessivamente nas folhas menos jovens e é mínima no caule. O seu teor não se altera significativamente durante o processo de fabrico do chá preto.
Os polifenóis são componentes da folha do chá que se encontram em doses mais elevadas chegando a atingir cerca de 30% da matéria seca dos rebentos. Simultaneamente estes compostos são também os mais importantes e característicos da folha do chá porque são os principais intervenientes nas alterações químicas que ocorrem durante o fabrico do chá. É neles que têm origem uma série de outros compostos qualitativamente importantes para as características do produto final e também da bebida resultante.