Breve História dos Medicamentos
Os medicamentos tal como hoje os conhecemos são relativamente recentes. No entanto,
a utilização pelo Homem de substâncias de origem vegetal ou mineral com fins terapêuticos é milenária.
Só no século XVIII, com o desenvolvimento da química e da fisiologia, se conseguem identificar e isolar substâncias com ação terapêutica.
Até então usavam-se com fins terapêuticos extrato de plantas, tecidos animais e substâncias minerais de composição indefinida.
Ainda no final dos anos 30, o número de medicamentos com indicações terapêuticas úteis e com composição química definida não ultrapassava os
10% dos medicamentos incluídos no arsenal terapêutico da época.
O aparecimento das sulfamidas e mais tarde da penicilina constituem uma grande viragem na disponibilidade de medicamentos eficazes e com
composição bem definida.
É, no entanto, só a partir dos anos 40
que surgem as anfetaminas, antimaláricos, antihistamínicos, anticonvulsivantes e alguns antibióticos
como as tetraciclinas, cloranfenicol e estreptomicina. O melhor conhecimento da etiopatologia e patogênese das doenças, nomeadamente as que
estão associadas a disfunções do organismo, permite estabelecerem-se metodologias a nível científico que associam algumas substâncias à
evolução das doenças.
A identificação de um grupo de substâncias que causa um determinado efeito no organismo, associado a determinada patologia, leva ao
estabelecimento de sistemas organizados através de numerosos ensaios em animais ou in vitro que permitem no final selecionar muitas
vezes entre milhares de hipóteses um conjunto de algumas dezenas de substâncias com alguma eficácia e efeitos secundários controláveis.
A descoberta de novos medicamentos, para além de alguns resultantes de observações fortuitas ou do desenvolvimento de substâncias naturais
com efeitos terapêuticos conhecidos, requer um trabalho pluridisciplinar de grandes equipas (químicos, biólogos, médicos, farmacologistas,
microbiologistas, toxicologistas, farmacêuticos, matemáticos, físicos, entre 1outros) e uma grande persistência e capacidade criativa. ;
Os progressos recentes na área da biotecnologia, com a obtenção de substâncias fisiologicamente importantes como a hormona de crescimento,
interferões e interleucinas e as - perspectivas que se abrem com a manipulação genética, estão a criar uma nova era na terapêutica.
Importantes avanços são esperados, em especial no diagnóstico precoce de certas doenças e na sua prevenção.
in Aranda da Silva, J.A. - Medicamentos Farmacoterapia, Tribuna Médica Press, 1997