As gravidezes não planeadas ocorrem em quase 2/3 das mulheres que utilizam um método contraceptivo. Isto deve-se, sobretudo, à falta de eficácia de alguns métodos e à não utilização correta do mesmo. O risco de gravidez não planeada é transversal a todos os grupos etários, estados civis, níveis educacionais e socioculturais.
Comparação da eficácia entre diferentes métodos contraceptivos.
É um método de emergência que permite inibir ou atrasar a ovulação e, por isso, evitar que uma relação sexual não protegida ou mal protegida origine uma gravidez não desejada. Este método não interrompe uma gravidez que já se tenha iniciado (isto é, se o ovo estiver implantado no útero).
A Contraceção de Emergência pode ser utilizada até às 72 ou 120 horas (dependendo do tipo de Contraceção de emergência utilizado) que se seguem a uma relação sexual não protegida, se:
A Contraceção de Emergência deve ser utilizada como recurso excepcional, dado que:
Não é um método de interrupção da gravidez.
A Contraceção de Emergência não é abortiva. Atua de varias formas, dependendo do método utilizado, para prevenir uma gravidez. Assim:
Se a mulher já estiver grávida, isto é se o ovo já estiver implantado no útero, a Contraceção de Emergência é totalmente ineficaz, embora não tenha qualquer efeito nocivo sobre o feto ou a gravidez.
A Contraceção de Emergência pode prevenir 3 a 4 gravidezes não desejadas. Evitando gravidezes reduz o recurso ao aborto.
A Contraceção de Emergência não protege das Doenças de Transmissão Sexual (DTS). Por isso, deve utilizar-se sempre preservativo, simultaneamente, para prevenir uma gravidez e uma DTS.
A Contraceção de Emergência pode ter efeitos desagradáveis, incluindo náuseas e vómitos. Algumas mulheres também referem dores de cabeça, tensão mamaria ou retenção liquida. Embora todos estes efeitos não tenham qualquer gravidade sob o ponto de vista médico, desencorajam a utilização repetida da contraceção de Emergência como contraceção habitual.
A Contraceção de Emergência é também menos eficaz para prevenir uma gravidez e é mais cara do que a maior parte das formas habituais de contraceção habitual.
Atualmente existem no mercado português duas opções para a Contraceção de emergência, uma disponível em farmácias e locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, o levonorgestrel, e outra somente em farmácias, o acetato de ulipristal. O dispositivo intrauterino de cobre é um método de contraceção de emergência apenas disponível nas unidades de saúde.
A contraceção de emergência hormonal atua na fase pré ovulatória, por bloqueio temporário da ovulação. O dispositivo intrauterino de cobre atua por interferência no processo da fecundação e da nidação.
A eficácia da contraceção de emergência está dependente da fase do ciclo menstrual em que a mulher está e da precocidade da toma logo após a relação sexual.
O POSTINOR da Medimpex UK Lda e o NORLEVO dos Laboratórios HRA Pharma são de venda sem receita medica. Apresentam-se em embalagens com um comprimido com:
Levonorgestrel |
1,50mg |
Atua na fase pré-ovulatória precoce através do bloqueio temporário da ovulação, em média por 3 dias.
O tratamento consiste na toma do comprimido. A eficácia é maior nas primeiras 24 horas e não deve ser tomado 72 horas após.
Náuseas, vómitos, vertigens, falta de forças, dores de cabeça, dor abdominal, tensão mamaria e hemorragia vaginal.
Se vomitar nas primeiras 2 horas deverá tomar imediatamente outro comprimido.
Habitualmente a menstruação surge na altura prevista ou com uma pequena alteração. Se surgir um fluxo anormal ou atraso de mais de 5 dias deverá efetuar-se um teste de gravidez.
O ELLAONE dos Laboratórios HRA Pharma é de venda exclusiva em farmácia e é o mais recente avanço na contraceção de emergência.
Acetato de Ulipristal |
30mg |
Atua tanto na fase pré-ovulatória precoce como na tardia através do bloqueio temporário da ovulação, em média por 5 dias.
O tratamento consiste na toma de um comprimido até às 120 horas (5 dias) após a relação sexual.
Perturbações do humor, dor de cabeça, tonturas, náuseas, dor abdominal, desconforto abdominal, vómitos, mialgia, lombalgia, dismenorreia, dor pélvica, sensibilidade mamária e fadiga. Outros efeitos são pouco frequentes ou raros.
Se vomitar nas primeiras 3 horas deverá tomar-se outro comprimido.
É contra-indicado em caso de alergia à substância e em caso de gravidez.
Não existem muitos estudos em mulheres com idade inferior a 18 anos.
Ao Centro de Saúde e consulte o médico de família;
À Farmácia;
Telefone para uma das linhas de apoio:
"Sexualidade em Linha"
800 222 003
"Linha da Sexualidade Segura"
800 202 120
APF (Associação para o Planeamento da Família)
21 388 89 01
22 200 17 98
Breve história da contraceção de emergênciaA investigação sobre a contraceção após o ato sexual já tem alguns anos.
Nos anos 20 do século passado descobriu-se que uma alta dose de estrogénios interferia com a gravidez nos mamíferos. Mas somente nos anos 70 apareceu a primeira descrição de um método contracetivo pós-coital. Em 1972, o Dr Albert Yuzpe, um médico canadiano, descreveu um método ("método de Yuzpe") que associava um estrogénio e a progesterona. Em 1976, o DIU foi utilizado pela primeira vez para a contraceção de emergência. O "método de Yuzpe" continuou a ser usado até aos anos 80, apesar dos inúmeros efeitos secundários. Nos anos 90 a OMS realizou um ensaio clínico comparando o "método de Yuzpe" e um com somente progesterona (levonorgestrel). Desde 1999 o método com levonorgestrel é comercializado em vários países como contraceção de emergência. Em 2009 foi lançado no mercado um método especificamente desenvolvido para a contraceção de emergência contendo ulipristal a 30mg, estando agora disponível em muitos países. |