Os alimentos condicionam a ação dos medicamentos. Esse efeito pode ser feito de várias maneiras. As interações nutriente-fármaco podem estar na origem de desequilíbrios nutricionais ou podem interferir com a eficácia dos medicamentos. A interação varia com o tipo de medicamento e mesmo em medicamentos do mesmo grupo terapêutico.
Os medicamentos podem induzir alterações na ingestão de alimentos:
Os alimentos condicionam a absorção dos fármacos quer por modificarem o contacto com a mucosa gastro-intestinal quer pelo atraso no esvaziamento gástrico, tornando-os mais sujeitos à degradação pelo ácido do estômago. Mas há alguns antibióticos cuja biodisponibilidade é aumentada com os alimentos.
São exemplo de antibióticos cujo efeito pode ser reduzido pelos alimentos a:
A Cefuroxima e a Cefpodoxina vem o seu efeito aumentar com os alimentos
O leite e derivados ricos em cálcio são alimentos que reduzem a absorção de vários antibióticos:
Estes formam um complexo insolúvel que não é absorvido no intestino.
Regra geral os antibióticos devem ser tomados fora das refeições, 30 minutos antes ou duas horas depois para evitar alteração do seu efeito.
A gordura alimentar favorece a absorção dos antifúngicos como a terbinafina. Também o itraconazol deve ser tomado com as refeições para melhorar a absorção
A gordura presente nos alimentos facilita a dissolução dos medicamentos anti-helmínticos como albendazol e mebendazol, aumentando a sua biodisponibilidade. A sua administração deve ser acompanhada de alimentos ricos em gordura.
Corticosteróides provocam diminuição da excreção de sódio, resultando em retenção de sódio e água, e aumento da excreção de potássio e cálcio. É recomendado fazer uma dieta com baixo teor de sódio e rica em potássio. Suplementos de cálcio e vitamina D são recomendados com o uso de corticosteroides a longo prazo para prevenir a osteoporose.
Os inibidores da bomba de protões bloqueiam a produção de ácido no estômago, elevando o pH gástrico, podendo limitar a absorção de beta caroteno, cálcio, crómio, ácido fólico, ferro, vitamina B12 e zinco, quando usados prolongadamente.
O álcool potencia a irritação e hemorragias provocadas pelo anti-inflamatórios não esteróides.
Potencia
o efeito tóxico para o fígado quando administrados com o paracetamol, amiodarona e metotrexato.
Quando consumido em jejum pode inibir a gluconeogénese, podendo também prolongar episódios de hipoglicemia causados por insulina
ou outros fármacos antidiabéticos.
Em associação com os bloqueadores beta e fármacos do grupo dos nitratos pode reduzir a pressão arterial.
Pode causar lesões hepáticas emassociação com as estatinas. O etanol não deve ser tomado com
medicamentos para a ansiedade e depressão. Também a cafeína
pode diminuir a eficácia de fármacos ansiolíticos.
Os alimentos diminuem a absorção do paracetamol por alteração da motilidade e do trânsito gastro-intestinal. Também as gorduras promovem uma diminuição na libertação e dissolução do princípio ativo e logo uma menor absorção. Recomenda-se que seja tomado fora das refeições 30 minutos antes ou duas horas após as refeições.
A presença de alimentos no intestino atrasa a absorção de anti-inflamatórios como o diclofenac e ibuprofeno, mas não interfere com a quantidade absorvida. Atrasa o efeito. No entanto a administração com as refeições ajuda a diminuir a irritação gástrica.
Alimentos como espinafre, couve, nabo, couve-flor, brócolos, couve de Bruxelas e outros de folhas verdes são ricos em vitamina
K diminuindo o efeito dos anticoagulantes orais.
Por outro lado, certos alimentos com propriedades anticoagulantes podem potenciar o efeito
anticoagulante. São exemplos o alho, a cebola, alimentos ricos em vitamina E e alguns produtos naturais como o ginseng e o hipericão.
Os diuréticos afetam os valores dos minerais no organismo.
Diuréticos de ansa (furosemida) aumentam a excreção de potássio, magnésio, sódio e cálcio.
Diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida) aumentam a excreção de potássio e magnésio, mas reduzem a excreção de cálcio.
Diuréticos poupadores de potássio (espironolactona) aumentam a excreção de sódio, cloreto e cálcio. Nos pacientes em tratamento com doses elevadas de
diuréticos os eletrólitos deve ser monitorizados. Dependendo do tipo de diurético poderão precisar de suplementos de um ou outro mineral e restrição
noutro.
Dietas ricas em sódio reduzem a eficácia dos diuréticos e outros anti-hipertensores. Alimentos ricos em potássio, como bananas, laranjas,
batatas, vegetais de folhas verdes
e tomates são preferíveis nos doentes em tratamento com fármacos diuréticos da ansa e tiazidas. Deve-se evitar suplementos de potássio, ou substitutos
do sal com os fármacos diuréticos poupadores de potássio.
Dietas com baixo teor de sódio promovem a absorção do lítio, aumentando a toxicidade. Oor outro lado, as ditas mais ricas em sódio necessitam de ajustar a dose para mais elevada.