Durante os primeiros meses de vida, o leite materno é o alimento de eleição. Além de fonte de nutrientes, é fonte de compostos que reforçam o sistema imunitário, protegendo contra agressões exteriores, como alergias e infecções.
O aleitamento materno exclusivo é recomendado pela OMS (Organização Mundial
da Saúde) durante, pelo menos, os primeiros 6 meses de idade.
O leite materno supre todas
as necessidades nutricionais do bebé e promove um desenvolvimento e crescimento saudáveis:
Mas nem sempre é possível amamentar, quer porque a mãe não tem possibilidade de o fazer, quer porque o leite não é suficiente para as necessidades nutricionais do bebé. Nestes casos, há que recorrer a alternativas para alimentar o bebé que são os leites e fórmulas infantis, cujas características se aproximam às do leite materno.
Porque o leite materno não é sempre igual ao longo do período de amamentação, os leites infantis têm composições diferentes ao longo das diferentes etapas de crescimento:
Na composição dos leites entram proteínas, lípidos, hidratos de carbono, vitaminas e sais minerais. Na maioria das fórmulas atuais entram outros elementos que os aproximam mais do leite materno:
O leite de vaca não é recomendável antes dos 12 meses. Este leite tem maior teor protéico e 20 vezes menos ferro do que o leite materno, assim como menos vitaminas. Nesta fase, o leite de vaca pode causar sobrecarga renal.
O leite de vaca é a fonte de proteínas destes leites que sofrem alterações consoante certas indicações particulares:
Em certas situações específicas e diagnosticadas pelo médico pediatra é necessário recorrer a leites medicinais específicos, de venda exclusiva em farmácias:
À medida que o bebé cresce é importante iniciar, a pouco e pouco, a introdução de novos alimentos, por motivos nutricionais e de desenvolvimento do bebé.
Se o bebé está a ser alimentado com fórmulas infantis a diversificação alimentar deve começar entre os 4 e os 6 meses. No caso se ser alimentado exclusivamente com leite materno ou houver problemas de alergia deve-se esperar pelos 6 meses.
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Qual o momento certo para introduzir alimentos sólidos?
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As refeições devem ser simples e em pequenas quantidades de cada vez. Deve-se usar uma colher adequada para introduzir os alimentos bem dentro da boca e ajudar a engolir. Os ingredientes devem ser adicionados à razão de um por semana para que o bebé se habitue ao novo sabor e se possam detectar possíveis intolerâncias ou alergias alimentares. A cenoura ou a abóbora são os vegetais ideais para a primeira refeição sólida do bebé. No início, os alimentos devem ser muito cremosos para facilitar a deglutição. Progressivamente, a consistência deve ser aumentada, até que a partir dos 10 meses apareçam pequenos grânulos para que o bebé comece a treinar a mastigação.
Pode-se começar com papas de cereais sem glúten ou por sopas de legumes.
Não há consenso sobre por qual começar, mas será aconselhável começar pela sopa, uma vez
que é menos doce e, logo, menos agradável. A transição para a papa será mais fácil. Aos
poucos, a quantidade de papa é aumentada, até que a refeição de leite seja totalmente
substituída pela papa.
No início, devem-se evitar alguns legumes como:
Depois de cozidos, deve-se adicionar um fio (colher de sobremesa) de azeite sem ferver de modo a manter inalterada os ácidos gordos polinsaturados. Não se deve adicionar sal por ser uma sobrecarrega renal no primeiro ano de vida e contribuir para o aparecimento de hipertensão mais tarde.
Entre as refeições (2 horas depois ou 30 minutos antes) deve-se dar água, que se deve ferver e arrefecer antes de dar ao bebé.
Não se deve dar leite em complemento da refeição sólida.
A fruta entra, também, na alimentação do bebé nesta fase. Três a quatro dias depois da sopa. Esta deve ser dada crua e começa-se por: pêra, maçã e banana, que são mais facilmente aceites pelo bebé e não causam alergias. Frutas como citrinos, ananás e morangos só devem ser introduzidos por indicação do médico, pois, estão associadas frequentemente a alergias.
A carne, por ser rica em proteínas e ferro é, também, introduzida nesta fase. São necessários 15-20g por dia de carne limpa de gorduras, que, depois de cozida, é triturada juntamente com os legumes. 90% das necessidades de ferro são obtidos a partir dos alimentos sólidos.
Após os 6 meses, é introduzido o peixe e os ovos na alimentação. Estes são alimentos que podem causar alergias, por isso são introduzidos mais tarde. As necessidades de peixe são de 30g diários e deve-se começar com peixes magros.
Aos sete meses o bebé deve passar a comer duas sopas por dia e fruta para sobremesa. O peixe branco e as frutas tropicais (manga e papaia) também podem ser introduzidas por esta altura.
A alimentação deve ser diversificada e para tal deve-se alternar carne peixe ou ovo.
A partir dos 6 meses pode-se, também, introduzir as papas com glúten. A introdução do glúten antes dos 4 meses e depois dos 7 deve ser evitada. A introdução gradual do glúten enquanto está a amamentar pode reduzir o risco de doença celíaca, de diabetes mellitus tipo 1 e de alergia ao trigo.
Alimento | 0-4 M | 4-6 M | 6-9 M | 9-12 M |
Leite materno ou fórmula para lactentes | x | x | x | x |
Cereais sem glúten | x | |||
Papa de legumes | x | x | x | |
Carne | x | x | x | |
Fruta | x | x | x | |
Cereais com glúten | x | x | ||
Peixe e ovos | x | x |
O leite é um alimento que deve ser mantido, mesmo numa alimentação diversificada. São necessários pelo menos 500ml de leite por dia. Podendo ser dado sob a forma de papas, iogurtes, queijos, etc. O leite de vaca não deve ser dado antes de um ano de vida, pois é pobre em ferro, vitaminas e ácido linoleico, que são essenciais para o crescimento do bebé e há maior risco de intolerância.
Quando introduzido o leite de vaca, este deve ser gordo ou meio gordo por ser mais rico em vitaminas essenciais.
A partir do ano de vida, a alimentação deve ser igual à familiar desde que seja saudável:
Não comer doses demasiado grandes, pois promovem o aumento do estômago e o excesso de peso.
Cada vez se verificam mais alergias alimentares. Durante muito tempo a Academia Americana de Pediatria recomendou que certos alimentos, como peixe, ovos e frutos secos fossem introduzidos mais tarde para prevenção das alergias alimentares a estes alimentos. No entanto, estudos recentes têm vindo a demonstrar que a introdução precoce de certos alimentos induz uma certa tolerância que previne as alergias. Assim sendo a Sociedade Europeia de Nutrição Pediátrica (SENP) recomenda a introdução de todos os alimentos, mesmo os mais alergénicos. A introdução deve ser gradual e sempre seguida pelo médico.
No caso da intolerância ao glúten (existente em alguns cereais) a introdução deverá ser gradual, para o organismo se habituar progressivamente à substância e não reagir como intolerância. A introdução poderá iniciar-se já aos 4 meses.