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SAÚDE e MEDICAMENTOS - Alimentação do Bebé

Saúde do Bebé

Alimentação do Bebé

Alimentação nos primeiros meses de vida

Durante os primeiros meses de vida, o leite materno é o alimento de eleição. Além de fonte de nutrientes, é fonte de compostos que reforçam o sistema imunitário, protegendo contra agressões exteriores, como alergias e infecções.

O aleitamento materno exclusivo é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) durante, pelo menos, os primeiros 6 meses de idade.
O leite materno supre todas as necessidades nutricionais do bebé e promove um desenvolvimento e crescimento saudáveis:

  • Ajuda a fortalecer o sistema imunitário;
  • Protege contra infecções e alergias;
  • Fornece ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa (LC-PUFAs), importantes para o desenvolvimento do cérebro, olhos e sistema nervoso, que estão em crescimento acelerado;
  • Reduz o risco de obesidade;
  • Promove o desenvolvimento.

Benefícios da amamentação para a mãe:

  • Diminuí o risco de cancro da mama e ovários;
  • Diminuí o risco de Diabetes tipo II;
  • Diminuí o risco de doença cardiovascular;
  • Desempenha um papel central na mobilização dos depósitos de gordura acumulados durante a gravidez, ajudando a voltar ao peso normal;
  • Restabelece o metabolismo materno, reduzindo o risco de doença metabólica.

Mas nem sempre é possível amamentar, quer porque a mãe não tem possibilidade de o fazer, quer porque o leite não é suficiente para as necessidades nutricionais do bebé. Nestes casos, há que recorrer a alternativas para alimentar o bebé que são os leites e fórmulas infantis, cujas características se aproximam às do leite materno.

Porque o leite materno não é sempre igual ao longo do período de amamentação, os leites infantis têm composições diferentes ao longo das diferentes etapas de crescimento:

  1. Leites para lactentes: Desde o nascimento até aos 4/6 meses, têm uma composição próxima do leite materno;
  2. Leites de transição: Dos 4 aos 12 meses, são mais ricos em ferro, vitaminas e têm maltodextrina ou amido para aumentar a saciedade;
  3. Leites de crescimento: Dos 12 meses aos 3 anos, têm um sabor mais agradável e são mais saciantes.

Na composição dos leites entram proteínas, lípidos, hidratos de carbono, vitaminas e sais minerais. Na maioria das fórmulas atuais entram outros elementos que os aproximam mais do leite materno:

  • Ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa (LCPUFAs) - para o neurodesenvolvimento:
    • Ácido araquidónico (AA ou Ómega 6);
    • Ácido docosahexanóico (DHA ou Ómega 3);
  • Nucleótidos - para a resposta imunitária;
  • Pré e probióticos - para constituição da flora intestinal e defesas.

O leite de vaca não é recomendável antes dos 12 meses. Este leite tem maior teor protéico e 20 vezes menos ferro do que o leite materno, assim como menos vitaminas. Nesta fase, o leite de vaca pode causar sobrecarga renal.

Leites para lactentes e de transição

O leite de vaca é a fonte de proteínas destes leites que sofrem alterações consoante certas indicações particulares:

  • Leites Hipoalergénicos: As proteínas do leite de vaca têm peso molecular elevado e, por isso, são hidrolisadas de modo a reduzir o risco de alergia. Dentro destes existem:
    • Parcialmente hidrolisados: Para situações de prevenção de possível alergia. Não estão indicados quando há alergia declarada às proteínas do leite de vaca;
    • Extensamente hidrolisados: Quando está diagnosticada a alergia (Leite com fins medicinais específicos);
      As grandes desvantagens destes leites são o mau sabor e o baixo poder saciante.
  • Leites Anti-obstipantes: A fórmula do leite facilita o esvaziamento gástrico, estimula a motilidade intestinal e o amolecimento das fezes;
  • Leites Anti-cólicas: Possuem um teor de lactose reduzido para minimizar a formação de gases causadores de cólicas. Estão indicados em lactentes com insuficiência parcial de lactase, a enzima responsável pela digestão da lactose;
  • Leites Saciantes: A fórmula rica em amido de milho, maltodextrinas e triglicéridos de cadeia longa proporciona uma absorção e digestão mais lentas para dar sensação de estômago cheio;
  • Leites Anti-desconforto digestivo: As proteínas são parcialmente hidrolisadas para facilitar a digestão, o teor de lactose é reduzido e substituído por maltodextrinas para menor fermentação e maior viscosidade e menor ingestão de ar e são adicionados prebióticos para favorecer a flora intestinal. São indicados para bebés com imaturidade digestiva com sintomas de gases, cólicas e obstipação.

Fórmulas infantis para fins medicinais específicos

Em certas situações específicas e diagnosticadas pelo médico pediatra é necessário recorrer a leites medicinais específicos, de venda exclusiva em farmácias:

  • Leites de Soja: São indicadas nos casos de intolerância ou alergia às proteínas do leite de vaca, quando há alergia aos leites extensamente hidrolisados;
  • Leites sem Lactose: Nos casos em que há falta da lactase,  enzima que metaboliza a lactose e após diarreias e gastroenterites agudas;
  • Leites Anti-regurgitantes: Quando o refluxo gastroesofágico (bolsar) em excesso leva a uma perda excessiva de nutrientes. Estes leites são mais espessos tornando o conteúdo gástrico mais viscoso;
  • Leites para Prematuros: Têm um teor protéico mais elevado, ácidos gordos em maior concentração e a lactose é substituída por glucose por forma a satisfazer as necessidades e melhorar a absorção;
  • Dietas semi-elementares: Para situações de má absorção grave;
  • Dietas elementares: Quando é necessária uma absorção rápida e eficaz e com um mínimo e absorção.

Alimentação a partir do 4-6 mês

À medida que o bebé cresce é importante iniciar, a pouco e pouco, a introdução de novos alimentos, por motivos nutricionais e de desenvolvimento do bebé.

Se o bebé está a ser alimentado com fórmulas infantis a diversificação alimentar deve começar entre os 4 e os 6 meses. No caso se ser alimentado exclusivamente com leite materno ou houver problemas de alergia deve-se esperar pelos 6 meses.

  • A partir dos 4-6 meses a maturidade das funções gastrointestinais, renais e metabólicas já permitem a digestão de novos alimentos;
  • Devido à elevada permeabilidade intestinal antes dessa idade, o risco de reação alérgica é maior;
  • Nesta idade, o bebé já segura a cabeça, consegue ficar sentado e imita os movimentos dos pais ao comer;
  • Os músculos do tubo digestivo estão mais fortes e o estômago mais volumoso para suportar alimentos sólidos;
  • Antes dessa idade o bebé não é capaz de digerir adequadamente os alimentos, podendo originar vómitos e diarreia;
  • O bebé precisa de certa coordenação motora que permita engolir, mastigar e não se engasgar;
  • Antes dos 4 meses o risco de se engasgar é maior;
  • Até aos 4 meses o bebé tem o reflexo de empurrar a língua contra a colher, expulsando os alimentos para fora da boca;
  • A introdução de novos alimentos não lácteos estimula a alteração das enzimas digestivas e outras funções digestivas.

 

Qual o momento certo para introduzir alimentos sólidos?
  • O bebé segura a cabeça sem dificuldade;
  • O bebé mantém-se sentado;
  • O bebé mostra interesse quando os pais estão a comer.

 

Como iniciar a alimentação variada?

As refeições devem ser simples e em pequenas quantidades de cada vez. Deve-se usar uma colher adequada para introduzir os alimentos bem dentro da boca e ajudar a engolir. Os ingredientes devem ser adicionados à razão de um por semana para que o bebé se habitue ao novo sabor e se possam detectar possíveis intolerâncias ou alergias alimentares. A cenoura ou a abóbora são os vegetais ideais para a primeira refeição sólida do bebé. No início, os alimentos devem ser muito cremosos para facilitar a deglutição. Progressivamente, a consistência deve ser aumentada, até que a partir dos 10 meses apareçam pequenos grânulos para que o bebé comece a treinar a mastigação.

Pode-se começar com papas de cereais sem glúten ou por sopas de legumes. Não há consenso sobre por qual começar, mas será aconselhável começar pela sopa, uma vez que é menos doce e, logo, menos agradável. A transição para a papa será mais fácil. Aos poucos, a quantidade de papa é aumentada, até que a refeição de leite seja totalmente substituída pela papa.
No início, devem-se evitar alguns legumes como:

  • Leguminosas - podem causar flatulência;
  • Tomate, pimentos e pepino - por serem ácidos;
  • Espinafres e beterraba - por conterem nitratos.

Depois de cozidos, deve-se adicionar um fio (colher de sobremesa) de azeite sem ferver de modo a manter inalterada os ácidos gordos polinsaturados. Não se deve adicionar sal por ser uma sobrecarrega renal no primeiro ano de vida e contribuir para o aparecimento de hipertensão mais tarde.

Entre as refeições (2 horas depois ou 30 minutos antes) deve-se dar água, que se deve ferver e arrefecer antes de dar ao bebé.

Não se deve dar leite em complemento da refeição sólida.

A fruta entra, também, na alimentação do bebé nesta fase. Três a quatro dias depois da sopa. Esta deve ser dada crua e começa-se por: pêra, maçã e banana, que são mais facilmente aceites pelo bebé e não causam alergias. Frutas como citrinos, ananás e morangos só devem ser introduzidos por indicação do médico, pois, estão associadas frequentemente a alergias.

A carne, por ser rica em proteínas e ferro é, também, introduzida nesta fase. São necessários 15-20g por dia de carne limpa de gorduras, que, depois de cozida, é triturada juntamente com os legumes. 90% das necessidades de ferro são obtidos a partir dos alimentos sólidos.

Após os 6 meses, é introduzido o peixe e os ovos na alimentação. Estes são alimentos que podem causar alergias, por isso são introduzidos mais tarde. As necessidades de peixe são de 30g diários e deve-se começar com peixes magros.

Aos sete meses o bebé deve passar a comer duas sopas por dia e fruta para sobremesa. O peixe branco e as frutas tropicais (manga e papaia) também podem ser introduzidas por esta altura.

A alimentação deve ser diversificada e para tal deve-se alternar carne peixe ou ovo.

A partir dos 6 meses pode-se, também, introduzir as papas com glúten. A introdução do glúten antes dos 4 meses e depois dos 7 deve ser evitada. A introdução gradual do glúten enquanto está a amamentar pode reduzir o risco de doença celíaca, de diabetes mellitus tipo 1 e de alergia ao trigo.

Alimento 0-4 M 4-6 M 6-9 M 9-12 M
Leite materno ou fórmula para lactentes x x x x
Cereais sem glúten   x    
Papa de legumes   x x x
Carne   x x x
Fruta   x x x
Cereais com glúten     x x
Peixe e ovos     x x

O leite é um alimento que deve ser mantido, mesmo numa alimentação diversificada. São necessários pelo menos 500ml de leite por dia. Podendo ser dado sob a forma de papas, iogurtes, queijos, etc. O leite de vaca não deve ser dado antes de um ano de vida, pois é pobre em ferro, vitaminas e ácido linoleico, que são essenciais para o crescimento do bebé e há maior risco de intolerância.

Quando introduzido o leite de vaca, este deve ser gordo ou meio gordo por ser mais rico em vitaminas essenciais.

A partir do ano de vida, a alimentação deve ser igual à familiar desde que seja saudável:

  • Consumir legumes e frutas em abundância;
  • Carnes magras e peixe;
  • Leite e derivados;
  • Azeite e gorduras vegetais;
  • Cozidos, grelhados e estufados;
  • Pouco sal;
  • Poucas gorduras;
  • Evitar doces, sobretudo fora das refeições;
  • Fazer 5 refeições por dia;
  • Não comer doses demasiado grandes, pois promovem o aumento do estômago e o excesso de peso.

Prevenção das alergias alimentares e intolerâncias

Cada vez se verificam mais alergias alimentares. Durante muito tempo a Academia Americana de Pediatria recomendou que certos alimentos, como peixe, ovos e frutos secos fossem introduzidos mais tarde para prevenção das alergias alimentares a estes alimentos. No entanto, estudos recentes têm vindo a demonstrar que a introdução precoce de certos alimentos induz uma certa tolerância que previne as alergias. Assim sendo a Sociedade Europeia de Nutrição Pediátrica (SENP) recomenda a introdução de todos os alimentos, mesmo os mais alergénicos. A introdução deve ser gradual e sempre seguida pelo médico.

No caso da intolerância ao glúten (existente em alguns cereais) a introdução deverá ser gradual, para o organismo se habituar progressivamente à substância e não reagir como intolerância. A introdução poderá iniciar-se já aos 4 meses.