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SAÚDE e MEDICAMENTOS - Cuidados Pré-concepcionais

Gravidez

Cuidados pré-concepcionais

Os cuidados pré-concepcionais abrangem tanto dados biomédicos como comportamentos sociais que podem representar risco numa futura gravidez. O objetivo dos cuidados pré-concepcionais é garantir uma ótima saúde das mulheres que pretendem engravidar, reduzindo os riscos de complicações na gravidez e de mal-formações do feto.

Problemas médicos

As mulheres com doenças crónicas, como diabetes, hipertensão, asma, doença cardíaca, epilepsia, fenilcetonúria, tuberculose, doença da tiróide, doença renal, doença psiquiátrica, entre outras, devem fazer uma consulta pré-concepcional. Os problemas de saúde devem estar o mais bem possível controlados antes de uma possível gravidez.

O hipotiroidismo aumenta o risco de aborto espontâneo, morte fetal, baixo peso à nascença e complicações maternas como hipertensão. No primeiro trimestre está associado a problemas cognitivos da criança.

As mulheres com fenilcetonúriaque não seguem com rigor as restrições da dieta poderão ter maior risco de originar crianças com atraso mental, microencefalia ou defeitos congénitos cardíacos no feto.

A diabetes mal controlada na altura da concepção pode causar complicações graves. A criança terá maior probabilidade de ter defeitos congénitos cardíacos ou no tubo neural. A mulher com diabetes ou antecedentes de diabetes gestacional que pretenda engravidar deve manter um peso ideal e ter um bom controlo da glicemia.

A asma e a hipertensão devem estar controlados, pois podem piorar durante a gravidez. As mulheres hipertensas podem desenvolver pré-eclampsia, que é um distúrbio dos vasos sanguíneos caracterizado por pressão arterial alta e proteína na urina.

No período que antecede a gravidez é conveniente manter um peso adequado, ter uma alimentação equilibrada e manter atividade física regular. A obesidade materna acarreta maior risco de complicações na gravidez e de defeitos no recém-nascido. Pode causar morte fetal, defeitos do tubo neural, complicações no parto, hipertensão e diabetes gestacional.

A saúde oral também é importante, pois esta é afetada durante a gravidez. Deve manter os dentes e as gengivas saudáveis.

Medicamentos

Alguns medicamentos são contra-indicados durante a gravidez. Uns porque têm efeitos teratogénicos (provocam anomalias e malformações do feto) outros porque não estão bem estudados em grávidas e não se sabe quais os efeitos que poderão ter. No entanto, as grávidas devem ser tratadas recorrendo aos medicamentos mais seguros e nas doses mais baixas necessárias, sempre por indicação médica.

Não é seguro o uso de suplementos ou produtos à base de plantas sem avaliar os riscos para a gravidez.

Antiepilépticos como o ácido valpróico são teratogénicos. A doença deverá ser previamente controlada com recurso a outras substâncias.

Mulheres a tomar varfarina precisarão de alterar para outro anticoagulante de menor risco.

A isotretinoína é outro medicamento teratogénico que, também, poderá aumentar o risco de morte fetal, parto prematuro e aborto. As mulheres a fazer esta medicação (para o acne, por exemplo) deverão utilizar métodos contraceptivos eficazes.

Medicamentos para a tensão arterial contendo inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) e antagonistas dos receptores da angiotensina devem ser evitados durante a gravidez por efeitos adversos no feto.

As estatinas, usadas para baixar o colesterol são um risco, pois este é essencial para o desenvolvimento do feto.

Rastreios

A identificação e tratamento antes da gravidez, de algumas doenças é importante par reduzir o risco de transmissão ao feto e de malformações, assim como avaliação dos riscos.

Algumas das doenças que são importantes rastrear são:

  • HIV (SIDA);
  • DSTs (doenças de transmissão sexual;
  • Hepatite C;
  • Toxoplasmose;
  • Tuberculose;
  • Clamídia, etc.

Vacinação

As vacinas do Plano Nacional de Vacinação devem estar em dia. Se não estiverem imunizadas para doenças que podem afetar o desenvolvimento do feto, a vacinação deverá ser efetuada se possível. Em mulheres em risco de contrair hepatite B devem ser vacinadas. São, também importantes as vacinas contra a rubéola, tétano e varicela.

Alimentação saudável

A alimentação deverá ser equilibrada e variada para garantir um bom estado nutricional. Análises para determinar os níveis de ferro, cálcio e iodo poderão ser feitas para avaliar alguma possível deficiência destes elementos. A Direção-Geral de Saúde recomenda a suplementação de iodo antes e durante a gravidez e aleitamento.

Ácido fólico

Uma ingestão adequada de ácido fólico, antes da concepção e durante o primeiro trimestre de gravidez reduz o risco de defeitos do tubo neural. As mulheres que podem engravidar devem consumir 400mcg de ácido fólico por dia. Mulheres com epilepsia, obesidade, diabetes ou que já tiveram um filho com defeitos associados à deficiência de ácido fólico poderão tomar até 5mg de ácido fólico por dia.

Álcool e tabaco

O consumo de álcool e outras drogas e o fumar acarreta riscos para a gravidez. O seu uso pode diminuir a fertilidade, causar complicações na grávida e danos no feto. Fumar durante a gravidez está associado a partos prematuros e bebés de baixo peso à nascença. O consumo de álcool durante a gravidez pode provocar danos no feto que originarão problemas da aprendizagem, emocionais, comportamentais ou atraso mental.

O abandono destas substâncias deverá ser feito antes da concepção.

Exposição a substâncias tóxicas

A exposição a substâncias tóxicas em casa e no trabalho deve ser precavida. São várias as substâncias que devem ser evitadas por quem pode engravidar:

Produtos químicos, metais pesados, pesticidas, repelentes, fertilizantes, radiações, excreções de animais e resíduos sanitários (transmitem doenças).